Jonas cambaleou até o banheiro tentando lembrar o que acontecia, havia tomado a quinta bala da noite e precisava molhar a cabeça e beber água, sua temperatura estava elevada. A batida da música foi substituída por David Bowie no banheiro, Paper Boy. O extasy o levava longe, ajudava a ver coisas que os outros não viam, mas David Bowie era demais para ele. Abriu a torneira, observou sua imagem no espelho, baixou o rosto para beber usando a mão em concha e sentiu um arrepio na nuca que percorreu todo seu corpo.
Subiu a cabeça lentamente para o espelho que muitas vezes já lhe trouxe imagens do outro lado. Nada.
Escuta uns resmungos chorosos e busca de onde provem o som, caminha pelo banheiro até o fim do corredor e chega à origem.
“Ei, tudo bem aí?” pergunta ele.
“....”
“tudo bem?”
“Você está falando comigo?”
“errr, sim.”
“Porque você está falando comigo?”
“Você estava chorando, vim ver se estava bem”
“eu não estava chorando”
“Estava”
“Não estava”
“Bem...”
“Você sabe com quem esta falando?”
“Não, alias meu nome é Lucas, e o seu?”
“Claro que seu nome é Lucas, pode me chamar de Gabriel”
“Que aconteceu então, quer falar?”
“Falar? Você acha que é isto que estamos fazendo?”
“Bem, sim.”
“Se você diz.”
“ok, mas por que está, consternado?”
“Eu fiz coisas ruins”
“Bom, más como?”
“RUINS E NÂO MÁS!!!, Há uma diferença!!”
“Não estou julgando, Não estou julgando!” Exclamou Jonas preocupado com o rumo que a conversa tomava, não iria mais usar aquela merda. “porque comigo, sempre comigo” pensava.
“Está bem, eu fiz coisas que me pediram para fazer, coisas ruins, difíceis.”
“Você... machucou pessoas?” Disse Jonas lentamente se deslocando para a porta.
“Me pediram para fazer essas coisas”/
“Mas quem pediu?”
“Deus”
“Hmm, você sabem o que dizem né, se você fala com Deus, você está rezando, se Ele fala com você, você é esquizofrênico.” Sorriu com a própria graça.
“Você realmente está viajando né?
“Que tem a ver uma coisa com outra?”
“Nada Jonas, nada. Vá embora me deixe pensar. E, um conselho, saia deste bar e não olhe para trás, tenho uma missão a cumprir.”
“...”
Os resmungos recomeçaram e Jonas não satisfeito com o rumo da conversa resolveu espiar pela fresta do compartimento para saber o tamanho do problema que se avizinhava, se precisava chamar a polícia ou não seria necessário.
(Continua)