segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

William

BRRRRRRRRRRR  BRRRRRRRRRRRRRRRRR BRRRRRRRRRRRRR

 

- Ann Alô?

­− ....

− Alo??

− Onde está Jacob?

− Quem está falando?

− Onde ele está?

− Ele ... sofreu um acidente.

− quem é você?

− Dorothy, e você?


− William. O que aconteceu?

− Você não acreditaria

− Minha filha, você não faz idéia das coisas que eu acreditaria.

− Ele parecia estar caçando, então, aquela coisa veio para cima dele e...

− Você viu o Licântropo?

− Não, o que eu vi era um lobisomem mesmo.

− Hmm, bem, você o viu então? E ele viu você?

− Sim né, ficou me encarando e fungando e depois foi embora.

− Ele não matou você?

− Errr, Não?

− Estranho, deveria ter matado você.

− Estranho né? Não ter me matado, quer dizer, um lobisomem arranca a cabeça de alguém e isso é normal, não ter me matado é que é estranho. Escuta senhor, vou desligar, só peguei o carro dele porque achei que não precisaria mais mas se o senhor quiser eu largo em algum lugar...

− Você está com o carro de um caçador??

− Estou?

− Viva??

− Vem cá, que você tem contra eu ficar viva??

− Calma mocinha, você deve vir até mim que eu explico tudo.

− Porque eu iria?

− Bom, acho que você deve estar curiosa agora que está saindo da matrix como dizem os jovens, eu diria que você saiu do espelho para o mundo real

− Não estou convencida.

− O Licântropo deve estar a seguindo, não vai deixar alguém vivo para contar a história, e eu gostaria de saber o que você tem de especial que ele não a matou ainda.

− “Licantroipo” é um lobisomem grande?

− Licântropo é o que você chama de lobisomem, são mais inteligentes do que parecem e não ter matado você é muito estranho, noite sem lua não é?

− Sim.

− Ele escolheu se transformar para caçar Jacob, venha para cá menina.

− Bom, estou meio curiosa mesmo.

William passou seu endereço para Dorothy, desligou o telefone e caminhou pelo seu escritório, quando toca a campainha provocando-lhe uma reação rápida, saltou sobre a mesa de carvalho procurando sua Colt Peacemaker carregada com as balas feitas de um crucifixo de prata bento pelo papa Pio XII, mas a idade já não lhe permitia tamanho arroubo de agilidade deixando-o cair sobre a dita mesa espalhando os artefatos que há anos colheu em suas andanças pelos mundos, ao segundo toque da campainha, ainda aparando os objetos que rolavam sobre a escrivaninha, lembrou que poderia ser a pizza que encomendara para a janta − não teria tempo nem se sentia seguro o bastante para voltar para casa hoje, o que já acontecia a algum tempo, baseado em instintos apurados com o passar dos anos, longos anos de caçada e alguns de tutoria, Jacob era um de seus preferidos, entretanto, distraído − encaminhou-se à porta e, com a arma as costas abriu e recebeu sua pizza alho e óleo, pagou o rapaz e fechou a porta com cuidado para não interromper o pequeno monte de sal que contornava todo o pentagrama gravado no chão de seu escritório, “ele deve chegar amanhã”, pensou, colocando o primeiro pedaço na boca.


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Lucas




O restaurante de beira de estrada, ao lado do posto de gasolina, exalava a álcool e confusão, mesas de sinuca, fumaça e uma jukebox do lado de dentro e motocicletas paradas à frente.

Lucas, sentado à uma mesa de canto, bebia sua cerveja e fumava seu cigarro, não sabia mais há quanto tempo estava lá, os últimos dias o haviam desgastado bastante. Não pode resistir ao chamado da natureza e levantou em direção ao banheiro quando o barman lhe acenou, acenou de volta sem entender o que ele queria até ser tarde demais. 


Lucas cambaleou após o primeiro soco, e reergueu-se apenas para ser atingido novamente pelo forte oponente, quando aprumou o corpo e esquivou-se do golpe seguinte preparando seu contra ataque, foi atingido por outro homem postado ao seu lado sendo deslocado à frente, mal tendo tempo de abaixar e rolar escapando do primeiro agressor. Postou-se de costas para a parede e finalmente pode ver seus contendores, três homens que nunca havia visto estavam agora lado a lado lhe encarando.

− Sabemos quem você é!

− É, sabemos!

− É!

− Quê? − Perguntou Lucas.

− Você é um deles!

− É!

− É!

− Deles quem? − Tentou argumentar Lucas, mas era tarde, o homem que lhe atacou primeiro partiu na sua direção de cabeça baixa jogando-o de encontro à parede.

− Então? Confessa!

− Não sei do que vocês estão falando! − Exclamou Lucas com dificuldades para respirar. Enquanto, um de cada lado, agarra firmemente seus braços. Enquanto o outro lhe arranca a camisa, expondo suas tatuagens.

− Sabemos quem você é, e sabemos o quanto vale o que você carrega em seu bolso. − disse o homem sacando uma faca e apontando diretamente ao olho de Lucas enquanto este retoma a respiração e entende que fora descoberto.

− Preferia que não tivéssemos chegado a isso. − Disse Lucas. No instante seguinte havia elevado o braço esquerdo, baixado o direito dando um passo atrás para em seguida girar seu braço direito por debaixo do braço de seu oponente fazendo-o chocar-se com a faca, rodou novamente e o ombro do outro homem estava deslocado, um chute a frente seguido de um golpe com a palma da mão debaixo para cima no nariz do terceiro homem e este estaria morto antes de cair ao chão. Voltou ao primeiro homem segurando-o pela garganta e perguntou:


­- Quem os mandou? – Ante o homem que desfalecia em seus braços pouco podia fazer, pegou sua jaqueta e saiu.





quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mary





Os vidros estilhaçados alcançaram a calçada escura seis andares abaixo ao mesmo tempo em que seus pés tocaram os paralelepípedos antes de rolar sobre o ombro e correr para longe do alcance das balas que arrancam fagulhas e lascas das pedras ao seu redor, apesar de estar confuso com as drogas com as quais lhe interrogaram, ainda arriscou olhar para cima a tempo de ver seu o vulto de seu algoz, uma mulher de preto com duas desert eagle nas mãos.



No sexto andar a mulher responsabilizava os que lhe faziam guarda.

- Como ele escapou?

- Não sei, foi muito rápido, se soltou das cordas, atingiu o Preto e saltou pela janela.

- Quem o amarrou?

- Bom, foi você...

- Hmm, estava bem amarrado então. Isto só prova que estamos atrás da pessoa certa, vamos embora.

Ainda confuso, o homem tentava organizar os pensamentos, não sabia do que se tratava, porque estava sendo interrogado, como saltara do sexto andar e estava vivo, como escapara, essas dúvidas lhe seriam respondidas mais breve do que imaginava. A sede o consumia, as artérias lhe queimavam, mas pareciam em outra pessoa, não sentia dor, estava calmo, muito calmo. A noite lhe acolhia como um filho, e lhe indicava o caminho, barulho, luzes, pessoas, muitas pessoas. Invadiu uma loja de conveniências em um posto de gasolina, olhavam para ele como se fosse um louco, isso o incomodava. Foi até a geladeira e pegou uma lata de coca-cola, vermelha, nunca tinha reparado como era vermelha aquela lata. Um homem colocou a mão nas suas costas e foi empurrado para longe. “Me deixa em paz, estou com sede!” abre a lata e sorve sofregamente o liquido ali dentro, estragada, gelada demais, fere sua garganta. Procura outra e outra e nada lhe satisfaz. Dois homens agora lhe seguram, “como são lentos e fracos”. O brilho de seus olhos se esvai completamente, se aquele homem tivesse olhado para eles, certamente não teria se aproximado.


 

As sirenes não tardam, assim como a polícia, os relatos são vagos, imprecisos.

 “Ele quebrou tudo e jogos as pessoas para longe”

“Estava drogado ou algo assim, revirou as geladeiras”.

“Quebrou o braço dele.”

“Mordeu o pobre homem e arrancou um pedaço de seu pescoço, parecia o Maiki Taison!”

“A pele branca, olhos vidrados, olhos de um morto!”

- Que você acha? – disse o jovem policial para seu parceiro, policial das antigas

- Acho que tem louco para tudo, em dois minutos alguém vai falar “vampiro”.

- Nós assumimos daqui – falou a mulher de preto mostrando um distintivo daqueles que todos respeitam. – Isolem a área.