O vento frio queimava meu rosto e esvoaçava meus cabelos, a sensação de liberdade dos anos 60 de Easy Rider em plenos 80, quando subo em minha Chopper consigo esquecer essa porra de New Wave com suas ombreiras cor de rosa e mullets e tudo com cheiro de maça verde, mas a liberdade durou pouco, o sol em vão tentava me aquecer, mas a tempestade me consumia. O tempo, como sempre, contra nós. Bobby e eu percorríamos a estrada há algum tempo já, seguíamos as criaturas há semanas sem sucesso, entretanto, finalmente entendêramos seu padrão. Por algum estranho motivo elas também odiavam New Wave e buscavam sempre por concertos de rock, haveria um em Des Moines, Iowa, hoje à noite. “Diary of a mad man”, Ozzy Osborne ressurgindo.
Por incrível que pareça não permitiam entrar em shows de rock com o equipamento necessário, Bobby e eu fomos de mãos limpas ao show, lotado como de costume. Entramos por portas diferentes do ginásio para tentar localizar as criaturas da noite. O som alto confundia meus sentidos e perturbava minha mente, eu sempre pude pressentir essas malditas criaturas, mas naquele momento não conseguira e isso me irritava. Em meio ao espetáculo, Ozzy aparentava confusão, trocava as letras confundia as palavras, provavelmente inebriado pelo álcool e excessos que o caracterizavam, uma pena considerando o grande vocalista do Black Sabath que já fora. Eis que observo, em sua forma quiróptera, a criatura voando em direção ao palco. A multidão delira enquanto, em vão, tento gritar para Ozzy alertando-o do perigo que corria. Nenhuma reação. Começo a gesticular com os braços sendo seguido por milhares de devotos de Ozzy, Já em desespero e como último recurso, fecho o punho esquerdo e, mantendo presos com o polegar os dedos médio e anular, liberei o indicador e o mínimo deixando-os em riste,
simulando tanto as orelhas como as presas da criatura que o atacava.