O telefonema o deixou apreensivo, algum tempo que não falava com o amigo, entretanto poderiam ter se passado anos e ainda assim perceberia a aflição e ansiedade naquela voz.
"O que poderia ter lhe deixado assim? Uma mulher? De novo?" pensava Paulo. Paulo - o amigo de todas as horas - ouviu atentamente o que lhe era contato sem duvidar de nada, mas procurando não demonstrar a preocupação que lhe afligia. Entretanto, essa era difícil de esconder. Já ouvira o amigo falar assim antes, em outros tempos, entre o medo e a curiosidade e isso não lhe agradava. Preferia-o realmente assustado, essa curiosidade realmente o preocupava.
Saíram para um café, falar dos velhos tempos de faculdade e tudo mais. “Bons tempos”, pensava Paulo, “sem vampiros”. A noite se aproximava e ele pretendia manter o amigo consigo, pelo menos por algumas horas. Convidou-o para dormir em sua casa e Lucas aceitou prontamente para aumentar a estranheza do amigo.
“É grave”, pensou.
Noite, caminham de volta para a casa de Paulo, “nada estranho até agora” pensava. Seu apartamento de um quarto, no meio do prédio, não tinha janelas para a rua nem sacadas, a janela do quarto era voltada às paredes internas do prédio, mas ele não tinha certeza que a vampira não teria como entrar, não estava tão seguro, pois suas certezas rapidamente o abandonavam, em primeiro lugar, não acreditava em vampiros e, em segundo lugar, se acreditasse, eles não poderiam entrar em sua casa sem serem convidados. Pensou em perguntar ao amigo se o alho continuava funcionando sem saber se era uma brincadeira de mau gosto ou uma preocupação real. Paulo procurava disfarçar a apreensão, entretanto, essa fora percebida pelo amigo. “Eu sei o que vi” disse ele. “Sei que mais cedo ou mais tarde ela vai voltar, e não sei se estou com medo ou esperando por isso”.
À noite, após algumas cervejas, Lucas montou seu colchão no quarto de Paulo e caiu no sono, sentiu-se seguro pela primeira vez